A tradição judeo-cristã atribui a autoria do livro de Eclesiastes a Salomão, autor de Cânticos, da maioria de Provérbios e de outros escritos que não estão incluídos no Antigo Testamento. No entanto, muitos historiadores e teólogos têm vindo a rejeitar essa teoria devido a vários fatores, entre eles o tema do livro e a linguagem usada pelo autor, que colocam a data de Eclesiastes à volta do séc. III a.C. – setecentos anos após o reinado de Salomão.

No seu comentário de Eclesiastes, o Dr. Michael V. Fox parte do princípio que o Qohelet, o suposto autor do livro, é na verdade uma personagem fictícia feita à imagem de Salomão, e não o próprio rei, nem nenhuma pessoa ligada diretamente ao rei. Fox reconhece também uma forte influencia de filosofia grega no texto, visto que o Eclesiastes procura saber a verdade através de uma reflexão lógica, e não através de revelação divina ou do estudo das tradições; o crítico chega até a identificar traços de estoicismo no discurso de Eclesiastes, especialmente na forma cíclica como encara o passado, o presente, e o futuro.

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Dito isto, ainda existem pastores e líderes de igreja que continuam a apoiar a tradição de que o rei Salomão é o Qohelet. Em O Livro Mais Mal-humorado da Bíblia, Ed René Kivitz liga por várias vezes o Eclesiastes a Salomão, embora conceda no principio do livro que não há certezas quanto à identidade do Eclesiastes.