(AMO-TE: QUERO QUE TU SEJAS) – SANTO AGOSTINHO
Considerado um dos principais teólogos atuais, Tomás Halík, é fascinado por esta definição, imputada a Santo Agostinho, e nesta obra – Quero que Tu Sejas!, Podemos Acreditar no Deus do Amor?, recentemente lançada em Portugal pela Paulinas Editora, o autor propõe-se demonstrar como essa citação se justifica, tanto no amor que se vive por um ser humano, como por Deus.
Ler o que Halík tem para nos contar nos seus livros, é uma descoberta perturbadora, mas apaixonante. Ele descomplica o que temos dificuldade em entender e expressar, usando uma linguagem comum, um discurso popular. Para todos, crentes ou ateus.
Este sacerdote católico trava uma batalha pacífica, e isso reflete-se nas suas obras, pois as armas de arremesso que utiliza são contundentes espiritualmente, mas indolores no corpo. Originário de um país, a República Checa, com um dos mais elevados níveis de ateísmo da Europa, é incansável no são confronto de ideias, na partilha de interpretações bíblicas, promovendo o debate entre perspetivas cristãs e agnósticas. A incerteza, o desconhecimento, a incompreensão perante os insondáveis mistérios divinos, pode conduzir a um comportamento adotado por certos fiéis e ateus, para os quais este pode ser um livro muito oportuno.
Perante a pergunta desafiante com que Tomás Halík provoca a nossa reflexão, “eu quero que Deus seja ou que Deus não seja?”, a resposta só pode sair do âmago do nosso ser, das profundezas do nosso coração. A questão pode interpelar os que acreditam na existência de Deus, como os descrentes; os que “sabem que sabem, como os que sabem que não sabem”.
Depois de se isentar de abordar o tema do amor nos livros anteriores, por não saber, Tomás Halík dedica-lhe agora todas as honras, exortando o leitor a amar, incondicional e ilimitadamente, até os seus próprios inimigos, cumprindo um dos mais incisivos preceitos de Jesus. Como conclui, “o amor é «demasiado humano» para ser unicamente humano”, reforçando que “a eternidade não é a paz do cemitério; a eternidade é o movimento eterno, a dança do amor!”.