Um pacto solene com Deus e uns com os outros para orarmos, planearmos e trabalharmos em conjunto para a evangelização de todo o mundo. É com estas palavras que termina o Pacto de Lausanne, documento nascido do Primeiro Congresso Global para a Evangelização Mundial, em Lausanne, no ano de 1974. Liderada por Billy Graham e John Stott, dois dos líderes evangélicos mais influentes do século XX, esta iniciativa única juntou cristãos de 150 países num esforço inédito de mobilização da Igreja para a missão global. Como alicerce, uma visão que se mantém inalterada até hoje:

O evangelho para todas as pessoas
Uma igreja evangélica para cada povo
Líderes que reflitam Cristo em cada igreja
O impacto do Reino em todas as esferas da sociedade

Nos nossos dias, o Pacto de Lausanne permanece o documento que mais influenciou igrejas e organizações evangélicas ao ter sido adotado por inúmeras delas como declaração de fé. Escrito por um comité internacional chefiado por John Stott, levou a que cristãos evangélicos de variadíssimos contextos e origens se unissem em parcerias de missão, moldando ainda grande parte do esforço missionário à escala mundial nos anos seguintes.

Em 1989 e 2010 realizaram-se, respetivamente, dois grandes congressos globais em Manila (Filipinas) e na Cidade do Cabo (África do Sul). O primeiro foi a rampa de lançamento para mais de 300 parcerias missionárias, redes e novos ministérios, abordando um vastíssimo leque de desafios fulcrais; muitas destas iniciativas tiveram lugar em países em desenvolvimento. O segundo é considerado o encontro de cristãos evangélicos com maior dimensão e diversidade étnica alguma vez realizado. Foi ainda uma plataforma na qual a Igreja dos países em desenvolvimento, muitas vezes ignorada, teve uma voz representativa da sua verdadeira dimensão global. O Manifesto de Manila e o Compromisso da Cidade do Cabo foram os documentos resultantes destes encontros, e cada um deles construiu sobre os alicerces do Pacto de Lausanne. Este último estabeleceu 30 áreas essenciais em que a Igreja global é chamada a agir de modo decisivo.

Ao procurar juntar influenciadores e ideias para a missão global, o Movimento de Lausanne dispõe hoje de dois tipos de redes: temáticas e regionais. É através delas que os cristãos evangélicos de todo o mundo podem encontrar parceiros comuns, à escala global, que servem a Deus em áreas tão diversas como o Islão, Centros Urbanos, Liberdade e Justiça e Missão Empresarial. Estão disponíveis ainda recursos como a Análise Global de Lausanne – disponível em português –, uma publicação bimestral que aborda temas relevantes e atuais com uma perspetiva verdadeiramente global.

Este é um movimento de valor ímpar no e ao serviço do Reino. Isto porque o espírito que lhe é característico, o “espírito de Lausanne”, é um modelo de humildade, amizade, oração, estudo, parceria e esperança naquela que é a missão holística, ou integral, da Igreja: ser a voz que anuncia o evangelho e as mãos que o praticam por todos os cantos do mundo.

 

POR JÓNATAS PIRES