A MAIS CONHECIDA DE TODAS AS ORDENS RELIGIOSAS
Uma instituição mítica. Um princípio humilde. Um desfecho execrável. Tudo o que há a saber sobre a Ordem do Templo – a misteriosa ordem militar que ainda hoje faz correr rios de tinta – encontra-se nas mais de 300 páginas deste livro produzido pelo Canal de História.
HOJE, OS TEMPLÁRIOS são objeto de fascínio para miúdos e graúdos. A riqueza e poder acumulados ao longo de quase dois séculos, combinados com os rumores de ligações ocultas e a súbita extinção da ordem, granjearam-lhes uma reputação semi-lendária ainda muito popular nestes dias. Mas a verdade da Ordem do Templo como ela existiu na Idade Média é bem diferente das teorias de conspiração que se formaram em seu redor nos últimos dois séculos.
Tudo começou a partir de uma necessidade. A Primeira Cruzada resultara na conquista de Jerusalém aos muçulmanos e na criação de estados cristãos pelos cruzados, mas as estradas que davam à Terra Santa continuavam infestadas de salteadores e bandidos que punham em perigo a vida de milhares de peregrinos. Em 1120, um grupo de cavaleiros chefiados por Hugues de Payns resolveu combater essa necessidade de uma forma muito singular. Após um tempo de convivência com os monges do Santo Sepulcro de Jerusalém, os cavaleiros fizeram os votos religiosos de obediência, castidade e pobreza em 1120, ao mesmo tempo que se entregavam de corpo e alma à proteção dos peregrinos. Sem o saber, os “Pobres Cavaleiros de Cristo”, como então se denominavam, tinham fundado a primeira e mais famosa ordem militar da história.
Após receber o aval e a regra monacal de Bernardo de Claraval, a Ordem dos Templários legitimou-se como um paradigma não só para monges, mas especialmente para cavaleiros. Dotada de um propósito sagrado e de um rigor intransigente, a Ordem cresceu rapidamente como a elite das forças cruzadas no Outremer. Centenas de cavaleiros deixavam tudo o que tinham para ingressarem na Ordem e se tornarem dignos de honra e da salvação eterna. Através da assistência papal e de numerosas doações oriundas de toda a Cristandade, os Templários cresceram para além da Terra Santa. Desempenharam um papel fulcral na Reconquista, visto que essa não poderia ser bem sucedida sem a intervenção da Ordem. De acordo com o historiador Adriano Vasco Rodrigues, “não teríamos a independência de Portugal, nem a extensão territorial portuguesa, se não fosse pela ajuda dos Templários. Portugal não seria Portugal se não tivesse sido por eles.”
Ao longo de quase duzentos anos, os Templários representaram o que todos reconheciam naquela altura como verdadeiros soldados de Cristo: homens que se dedicavam por excelência e sem quaisquer reservas a uma guerra que era tão física quanto espiritual. O hábito branco de pureza, a cruz vermelha, e vários outros detalhes fizeram do Templário um ícone excelso que reunia virtudes heroicas com uma causa e fervor religiosos. Tal brio pela defesa dos lugares santos por parte da Ordem foi essencial na manutenção dos estados cristãos no Médio Oriente, o que não durou muito tempo devido aos esforços contínuos dos poderes muçulmanos e à divisão no seio da nobreza cristã.
A queda dos territórios cruzados no Outremer e o relaxamento de muitos membros de comendas distantes dos palcos de guerra ditaram o começo do fim inesperado da Ordem. Apesar da sua história como defensores dos frágeis e oprimidos em terras longínquas e perigosas, os Templários foram rapidamente alvo da inveja e ganância de homens muito poderosos do seu tempo; homens que fizeram uso de toda a sua habilidade e influência para acabar com a Ordem de forma brutal e definitiva. Jacques de Molay, o último grão-mestre da Ordem, fora queimado na fogueira em 1314, depois de tantos outros Templários terem recebido o mesmo fim. Embora a Ordem do Templo tivesse acabado em desgraça, a sua memória continuou viva através de reis sensatos que se negaram a castigar os Templários, ou que, como foi o caso de D. Diniz, restituíram a Ordem sob um nome diferente.
Tudo isto e muito mais pode ser lido nesta obra detalhada, que conta com a participação de historiadores e especialistas internacionais como Helen Nicholson e Alain Demurger. Trata-se de um livro importantíssimo para melhor entender uma das instituições mais poderosas da era medieval, assim como a forma como ela impactou a Cristandade do seu tempo.