Clayborne Carson, como diretor dos Arquivos de Martin Luther King Jr., é um profundo conhecedor da gigantesca quantidade de documentos que constituem o seu acervo. Com naturalidade foi convidado pelos herdeiros de King para compilar em livro o vastíssimo legado de cartas, mensagens e diários inéditos, incluindo gravações e imagens dos seus sermões e discursos públicos.
Foram lidos, escutados e visualizados milhares de documentos e registos, posteriormente alinhados numa narrativa cronológica, histórica e factualmente coerente, na primeira pessoa, conferindo a esta “autobiografia” uma identificação sui generis desse personagem único da história mundial. Como dizia no sermão proferido na véspera do seu assassinato: “Quero que digais, nesse dia [do seu funeral], que tentei amar e servir a humanidade” (p399). E sem dúvida o fez.
Mais do que uma autobiografia de Martin Luther King Jr., este é um longo e fundamentado desfiar de acontecimentos históricos da libertação racial conseguida pelos Negros norte-americanos.