CONFERÊNCIA “ADORAM, CRISTÃOS E MUÇULMANOS, O MESMO DEUS?”

Por Daniel Gomes, em Oklahoma City, E.U.A.

Todos os anos, a Oklahoma Christian University convida uma personalidade do meio cristão para discutir certos temas relacionados com a fé, a cultura, e a ética nos dias de hoje. Entre os mais recentes convidados estão N.T. Wright, bispo anglicano e teólogo do Novo Testamento, e Ravi Zacharias, famoso evangelista e defensor da fé cristã. Este ano, porém, a honra coube a Miroslav Volf, professor de teologia na prestigiada universidade de Yale e autor de várias obras sobre reconciliação entre as diferentes religiões. O tema abordado pelo teólogo croata não podia ser mais pertinente: serão Deus e Alá um só?

Basta apenas relembrar os acontecimentos de 15 de Dezembro do ano passado para perceber o quão crucial esta questão realmente é. Nesse dia, uma universidade privada norte-americana suspendeu um dos seus docentes, a Dr. Larycia Hawkins, após esta ter feito declarações aparentemente contraditórias ao que a universidade crê ser a sua missão religiosa. A Dr. Hawkins, cujas declarações foram, em parte, alusivas ao livro Allah: A Christian Response de Miroslav Volf, afirmou em público que cristãos e muçulmanos creem no mesmo deus. A administração da universidade reagiu de forma negativa, suspendendo a professora de ciências políticas com o alegado intuito de avaliar “as implicações teológicas” das suas declarações. A decisão da universidade evangélica gerou uma onda de descontentamento através dos meios de comunicação norte-americanos e das redes sociais, mas a universidade manteve a suspensão. Dois meses depois, a Dra. Hawkins foi despedida por acordo mútuo.

Miroslav Volf trouxe o assunto a outra universidade privada do estado de Oklahoma, um estado norte-americano cuja população é maioritariamente cristã e conservadora. Volf explicou em pouco mais de meia hora que o deus dos cristãos em nada difere do deus dos muçulmanos, assim como o deus dos cristãos em nada difere do deus dos judeus. Quaisquer incoerências residem apenas na interpretação dos textos considerados sagrados às diferentes religiões monoteístas. Em outras palavras, Volf defende que os muçulmanos não creem num outro deus, nem adoram um ídolo; o deus a quem eles prestam culto é o Deus a quem cristãos e judeus prestam culto.

Obviamente, os muçulmanos encaram Deus de uma maneira única (e em termos teológicos cristãos, incorreta). Para os muçulmanos, Jesus é apenas um profeta de Deus, tal como outros que o antecederam de acordo com o Velho Testamento. Para
os muçulmanos, Deus não é Pai, Filho, e Espírito Santo, mas uma entidade divina suprema. Para Miroslav Volf, porém, essas diferenças que existem entre duas interpretações da natureza e carácter de Deus não definem o Deus de uma interpretação como um ser “separado” (muito menos “oposto”) do Deus encontrado noutra.

Em conclusão, Volf afirma que apesar dos muçulmanos seguirem uma interpretação inválida do Deus vivo, eles não devem ser tratados como pagãos pelos cristãos, mas sim guiados ao testemunho do cordeiro que morreu pelos pecados de todos os que o aceitam como Salvador e Senhor das suas vidas. Cabe portanto aos herdeiros do Reino de Deus abandonar quaisquer preconceitos e mostrar aos seguidores de Maomé o caminho de volta ao Pai com amor e não com hostilidade.