A existência de uma Biblioteca nas agremiações de cultura e recreio, ou numa instituição de ensino, foi sempre tida como “obrigatória”. Com o tempo, tal espaço de estudo e pesquisa foi-se tornando old fashioned, e a sua relevância decaindo para níveis secundários. No entanto, para muitos, assolados pela carência económica, que infelizmente permanece oculta na sociedade, é a única forma de manterem o exercício mental.

Nas instituições locais, coletividades, igrejas, associações, onde as atividades de integração e desenvolvimento da comunidade envolvente, têm primordial importância, é fulcral, entre outras valências, a constituição de um pólo dinamizador de leitura.

Complementando a implementação de acervos literários, geralmente dependentes de generosas contribuições e que pecam pela desatualização dos títulos, é de considerar a instalação de um ponto de divulgação de obras atuais, seja através da exposição física, ou através de quiosques multimédia.

Conhecendo os constrangimentos financeiros, deixemos os formatos digitais para uma próxima oportunidade e centremo-nos no que é possível fazer com o que temos. Tudo depende da atitude de que tem responsabilidades no meio, desde agentes da indústria livreira ao gestor local, seja diretor, pastor ou o próprio livreiro. Os frutos podem tardar, mas a consistência e perseverança certamente trarão resultados.

As circunstâncias atuais – reduzida produção nacional, elevados preços, escassa divulgação – propicia que, até quem tem hábitos de leitura, procure outros meios para saciar a sua fome de conhecimento e enriquecimento espiritual. Se nada for feito, as gerações vindouras vão olhar para os livros físicos como algo retro, apenas para “cotas” endinheirados.

Felizmente, ainda há quem queira “remar contra a maré”, promovendo livros e a leitura, quem dinamize atividades, quem não desista de levar a Palavra aos que mais precisam. Por experiência, vivenciamos um caso sui generis. Cinco anos depois de a liderança começar a promover hábitos de leitura entre os seus membros, e de lhes serem concedidas as melhores condições possíveis, a adesão ao livros aumentou exponencialmente.

Precisamos do apoio de alguns, para levar os livros a todos!

POR PAULO SÉRGIO GOMES