Mentor. Conselheiro. Diretor espiritual. Osmar Ludovico é muito
considerado entre quem se inspira no seu ensino, como os autores Ed
René Kivitz, que prefacia a obra, e Maurício Zágari, o editor, que o
apelida de pensador piedoso. Depois de O Caminho do Peregrino, escrito
em parceria com Laurentino Gomes, e Meditatio, um hino à intimidade
com Deus, eis que surge o seu terceiro livro – Inspiratio.
Não se assumindo como escritor, Osmar revela-se num manifesto exemplar (anti-credo), aquilo por que pauta a sua consciência e caráter. Fiel ao recolhimento e contemplação, ao discreto serviço em comunidade, à partilha de amizades e afetos. Através de Inspiratio, com o duplo sentido de fonte de criatividade, e indispensável ação respiratória vital à vida, somos estimulados a uma busca profunda pela espiritualidade, vincada na simplicidade, oração, silêncio, meditação.
Este livro de reflexões está dividido em quatro temas: Deus, Igreja, Fé e Sociedade, e Espiritualidade. Em Divinitatis, descobrimos a grandiosidade do amor de Deus no nosso meio, enquanto em Ecclesia sobressai o legado de esteios do cristianismo que ajudaram a perpetuar o movimento encetado por Jesus ao longo de dois milénios. No capítulo Fide et Societas são abordados temas que tocam a cada um de nós: dinheiro, casamento, adoração, entre outros. Para o final, Osmar Ludovico reservou Spiritus, onde a sua intimista compaixão torna-se evidente, convidando o leitor à imersão contemplativa para ouvir a voz de Deus, lendo a Bíblia, expondo a nu toda a sua vulnerabilidade e levando ao arrependimento e devoção a Ele.
Do grego koinonia deriva a palavra “comunhão”, que Ludovico salienta não se tratar de um mero ajuntamento no templo de pessoas que partilham um contexto social e cultural comum, nem pensar que se cinge à comunhão mística entre membros do Corpo de Cristo. Para estar presente, conhecer o outro e desenvolver uma real amizade espiritual – para viver a verdadeira koinonia bíblica – é necessário tempo, tolerância e amor.
A respeito da espiritualidade clássica (pré-Reforma), o autor refere que o Espírito Santo se manifestou durante os primeiros mil e quinhentos anos da história da Igreja através da “contribuição de santos e doutores da Igreja nos movimentos da patrística, do monasticismo e da mística medieval”. É tal o interesse na espiritualidade clássica que destacados pensadores contemporâneos, como Hans Burki, James Houston ou Eugene Peterson, entre os evangélicos, ou Thomas Merton, Henri Nouwen ou Anselm Grün, entre os católicos, procuram resgatar o que essa tradição tem de bom e integrá-la na busca espiritual dos dias de hoje.
Ao invés de uma “prática mística e alienante, (…) a ênfase no silêncio, na solitude, na meditação e na contemplação não é um fim em si mesmo, mas um meio para uma vida de santidade e de serviço ao próximo. Com a lectio divina, nós evangélicos, podemos resgatar leitura bíblica com o coração!”