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Conheça o autor e economista grego responsável pela criação de
um dos mais antigos fóruns online dedicados ao estudo da Bíblia, o
“Journal of Biblical Accuracy”, que ainda hoje continua a espalhar
as boas novas por todo o mundo.
B: Nas últimas duas décadas você desempenhou um papel vital no Journal of Biblical Accuracy, um projeto que chega a dezenas de universidades e milhares de pessoas. Como é que tudo começou? Esperava que viesse a crescer e a durar tanto?
AK: Tudo começou em 1995. Eu estava a estudar para o meu doutoramento em Leicester, no Reino Unido. Estava bastante envolvido com a União Cristã da universidade e tinha começado pequenos grupos na minha casa onde eu ensinava a Bíblia, concentrando-me nas bases. Ainda que tivesse apenas cinco pessoas a assistir, para mim tudo isto era muito importante. Naquela altura eu tinha tempo, uma vez que estava quase a terminar a minha tese e encontrava-me completamente absorvido por esta comunidade. Pensei em passar para o papel aquilo que partilhava, para que o pessoal tivesse algo escrito quando nos fossemos embora no fim do ano lectivo. Mas aquilo que eu escrevia começou a circular pelos estudantes que por sua vez me pediam mais cópias. Em breve tinha trinta alunos na minha lista de contactos a quem dava uma cópia cada vez que escrevia. Era óbvio que algo consistente estava a crescer, ainda que não tivesse nome nem forma. E depois, aconteceu o seguinte em Janeiro de 1996: eu fui imprimir mais algumas cópias, e quando fui buscar uma das cópias à impressora, reparei num bocado de papel com um endereço de email. Deus nos fala muitas vezes, normalmente através da Sua segurança reconfortante ou da Sua voz serena. Mas por vezes a Sua voz é enfática, clara e inconfundível. Tu sabes quando o ouves e isso não é nenhum equívoco. Isto aconteceu-me umas quatro ou cinco vezes em toda a minha vida. Uma dessas vezes foi naquela manhã. Quando vi aquele papel, a minha mente só pensava na seguinte frase: “põe os artigos na Internet!”, “põe os artigos na Internet!”. O mais engraçado é que eu não fazia ideia do que era a Internet! Talvez já tivesse ouvido a palavra numa ocasião mas não fazia ideia do que era realmente. Lembra-te que estamos no início de 96. Até aquela altura eu tinha enviado um ou dois “emails” só para experimentar. Eu nunca tinha visitado uma página da “Web” até então!
Tendo esta ordem bem clara na minha mente eu fui imediatamente à assistência da sala de computadores na universidade e perguntei “como é que se põe uma coisa na Internet”? Então um rapaz muito gentil sentou-se comigo à frente de um computador e mostrou-me os “newsgroups” (Usenet), algo parecido com fóruns onde eu podia fazer posts, e ele levou-me diretamente aos fóruns cristãos. Em 24 horas eu estava a enviar material a estes grupos. Imediatamente comecei a receber subscrições de todo o mundo via email. Na mesma noite eu decidi que ia haver uma revista com o nome Journal of Biblical Accuracy (“rigor bíblico”, sendo esse o tema em que estava focado naquela altura). Em dois meses eu tinha cem subscritos, mas não tinha uma página da web. Foi aqui que um subscritor do Mississippi (EUA) se ofereceu para montar uma página da web para mim, o que ele fez com muita amabilidade. O endereço tinha meio metro de comprimento mas funcionava; eventualmente eu obtive o meu próprio domínio.
O que começou naquele mês de Janeiro existe hoje em dezoito línguas, tem cerca de seis milhões de visitas por ano e perto de oitenta mil subscritos. Nunca esperei que se tornasse tão grande mas calculava que manter o projeto ativo seria uma luta. Ao mesmo tempo tinha decidido que iria lutar, pois eu o considerava um dos meus mandatos nesta terra.
B: Compreendo que se tornou um cristão há quase trinta anos, num pequeno grupo de Tessalónica. Pode-nos dizer mais acerca desta transição e do impacto que teve na sua vida?
AK: Sim, isto foi em 1991. Eu tinha um passado e uma educação cristãs enquanto criança, mas durante a minha adolescência eu tornei-me agnóstico. No meu interior eu andava à procura da verdade. Eu sempre fui alguém que busca a verdade. Algures em 1991, eu enfrentei uma grande crise que me fez curvar e clamar a Deus: “Se Tu existes, manifesta-Te a mim.” Na mesma semana o meu melhor amigo do trabalho falou-me de um grupo cristão e convidou-me a aparecer lá. Isto não era como os estritos grupos religiosos da Igreja Ortodoxa grega que eu conhecia e detestava. Pelo contrário, aqui as pessoas vestiam-se normalmente e o Deus que proclamavam era um Pai que amava o homem e se interessava por ele. Eles diziam que a Bíblia tinha poder. Por isso quando eu li, “pede e ser-te-á dado” eu pensei: “vamos lá ver isso”. Nas semanas seguintes Deus mudou a minha vida, interna e externamente!
Era como se Ele estivesse a ouvir tudo o que eu dizia e se importasse com isso! Como diz a Bíblia: “vós haveis experimentado que o Senhor é bom” (1 Pedro 2:3). É assim que Deus muitas vezes nos atrai a Si mesmo. E isto eu nunca esquecerei. Eu já passei por tempos bem difíceis em que Deus não parece estar em lado nenhum. Meses e anos no deserto. Nessas alturas eu voltava-me para os primeiros dias e para os milagres que Deus tem feito na minha vida, e aí eu encontro o meu refúgio. Andar com o Senhor nem sempre é fácil. Irá haver perseguição, até dos próprios cristãos. Não nos esqueçamos que “o caminho é estreito”. Ao mesmo tempo Deus não nos deixa nem nos abandona. Como eu fiquei a saber: a vida é dura, por vezes muito dura, mas Deus é bom. Ambas as coisas são verdadeiras!
B: Você diz que é um economista por educação com vários anos de experiência no ramo. Como é que consegue conciliar o emprego com o trabalho da JBA e com a sua família?
AK: É tudo um desafio. Sempre foi assim. O meu último livro foi escrito no comboio que apanho para o escritório. Basicamente, tudo o que fiz nos últimos anos foi feito no comboio e de madrugada. Até 2004, eu ainda gozava do fim-de-semana inteiro. Há vinte anos, quando estava na tropa, eu andava com uma torre de computador (ainda não haviam portáteis naquele tempo) na minha bagagem e enviava artigos de cibercafés primitivos. Com as obrigações familiares as coisas tornaram-se ainda mais complicadas, mas é mesmo assim. De qualquer forma, eu sou apenas um de milhões de entre o povo de Deus. Se não tiver tempo de escrever por causa do meu emprego ou da minha família, outra pessoa o fará. Assim é no Corpo!
B: O que o levou a escrever um livro? Planeia escrever mais algum?
AK: Algures em 2008 eu deixei de escrever mensagens relativamente pequenas baseadas num tema para escrever sobre certos “fardos” que carregava. Considero o meu último livro, As Advertências do Novo Testamento, o mais importante que já escrevi. Era algo que já carregava seis ou sete anos antes de escrever o livro. Por vezes o tópico está no meu coração durante anos até que eu pegue no teclado e escreva sobre o assunto.
B: O que é que o futuro tem reservado para o JBA?
AK: Não tenho bem a certeza. Eu acabei de sair de um teste tremendo, do qual eu te falarei numa próxima vez. Eu aprendi muito com isto e creio que eventualmente será posto em escrita. Sobre o que é que será? Mais do caminho estreito e da porta apertada. Mais da perseguição e da aflição por causa da Palavra. Nós cristãos somos chamados a andar pelo caminho estreito e a não desistir quando somos perseguidos. É este o paradoxo em que vivemos: uma vida cheia do poder e do amor de Deus e ao mesmo tempo uma vida com muitas aflições, embora também haja libertação aí. A minha mensagem para os irmãos é: não percam a vossa coragem. Continuem. Corram a corrida da fé com paciência e não olhem para trás. Corram até ao fim! Corram não importa o que se levantar contra vocês. A fé é uma viagem. Ela vai vos levar a lugares onde vocês não querem estar e ela pode-se tornar muito diferente daquilo
que vocês tinham em mente que era. Lembrem-se no entanto que Deus está no controlo mesmo quando tudo parece estar fora de controlo. Vamos nos certificar de que continuamos a correr para que no fim possamos dizer o que Paulo disse: “combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.” (2 Timóteo 4:7-8)
DANIEL GOMES
BIO DO AUTOR
ANASTASIOS “TASSOS” KIOULACHOGLOU
• Nascido em 1969, na Grécia,
• Aceitou Cristo como salvador na cidade de Tessalónica, em 1991,
• Funda o Journal of Biblical Accuracy em 1996 durante o seu doutoramento, na Universidade de Leicester,
• Trabalha no ramo das finanças e gestão,
• Escreveu grande parte das suas obras nas viagens de comboio para o emprego,
• É casado e tem três filhos.