Quando ler é um dado adquirido, já faz parte do sistema de aprendizagem, as instituições funcionam e disponibilizam recursos, nem nos damos conta do que foi preciso para se chegar a este ponto. Século após século, experiência seguida de experiência, até à formatação do ensino corrente.
Se hoje a evolução acontece a uma velocidade vertiginosa, em virtude do rápido desenvolvimento científico, noutros tempos, não era assim. Pequenos passos tecnológicos demoravam décadas.
Por isso, a prensa de Gutenberg foi tão revolucionária, e tão importante para o desenvolvimento intelectual do ser humano. A possibilidade de reproduzir obras de forma massiva, permitiu uma capacidade de distribuição completamente inovadora, levando o fascinante poder das letras a povos recônditos.
Ao ter reproduzido a Bíblia, Gutenberg tornou a Palavra de Deus acessível ao povo, o que até então só chegava às mãos de alguns. Para demonstrar o seu invento, podia ter usado qualquer outro livro, de menor dimensão. Mas ele sabia da importância da sua descoberta para a evangelização de toda a Humanidade.
Em O Aprendiz de Gutenberg, um livro moderno, ficamos a conhecer a história dessa significativa façanha que transformou o conhecimento do Cristianismo. Não que antes os evangelhos não fossem conhecidos, mas com a tipografia passou a haver um sistema que permitia que todos pudessem conhecer a Palavra. Só tinham de aprender a ler.
No mundo atual, o nível de literacia é elevado, a capacidade de reprodução de livros a baixo custo é enorme, os dispositivos móveis com capacidades inimagináveis proliferam, as traduções são já possíveis para milhares de dialectos.
E aqui, em Portugal, que literatura cristã-evangélica temos? No ano passado, tivemos meia-dúzia de novos lançamentos. Não precisaremos também de uma (r)evolução?
Os livros são escritos para serem lidos – por todos.
Obrigado, Sr. Gutenberg!