“No meio da minha perplexidade, descobri os escritos de Dietrich Bonhoeffer. Agarrei-me a eles como um náufrago se agarra a um salva-vidas. […] Quantas vezes como adolescente idealista ponderei as palavras de Bonhoeffer: «Quando Cristo chama alguém, ele o manda vir para morrer!»”
Richard J. Foster,
in Muito Mais Que Palavras
A Editora Mundo Cristão acaba de lançar um excelente produto, chegado a Portugal pela mão da Livraria CAPU, e a que a BIBLION se associa conferindo-lhe merecido destaque na nossa primeira edição. Trata-se, não só de um exemplar produzido com refinado grafismo, com pormenores que raramente encontramos neste tipo de edições, como o uso do marron como cor exterior, a imagem de capa, e a cuidada paginação, mas também porque estamos perante uma das obras indispensáveis na estante de cada um.
SEM DÚVIDA QUE o título “Discipulado” reflete a veemência do conteúdo deste livro e o que Bonhoeffer nos exemplifica através dele, de como seguir Jesus. Por algum motivo, o pastor e teólogo germânico o intitulou, no original de “O Preço do Discipulado”, ou seja, não pretendia oferecer um manual de etapas a cumprir, mas dar a conhecer o sacrifício de ser um verdadeiro discípulo de Jesus.
Bonhoeffer alerta-nos para o facilitismo e um certo “embaratecimento” dos crentes ao corresponder à mensagem Cristã, apelidando mesmo de “graça barata”, tal a forma vã como vivenciam a sua fé. Com frequentes referências a passagens bíblicas, fundamenta a sua perspetiva e desafia-nos a questionar a forma leviana como nos submetemos a Cristo.
Naquela época, tal como agora, é muito pertinente a frase com que o autor inicia este livro. “A graça barata é a inimiga da nossa igreja.” E aponta, de imediato, a direção a tomar. “Hoje, a nossa luta é pela graça preciosa”. Tomando o Sermão do Monte como esteio do seu discurso, ilustra-nos a comunhão do discipulado, ao ponto de demonstrar que “o mérito da justiça do discípulo consiste em que, entre ele e a lei, está aquele que cumpriu a lei inteiramente, aquele com quem o discípulo está em completa comunhão”. E mais adiante, “… é sempre justiça que se oferece, que se dá pelo chamado ao discipulado. […] É a justiça dos pobres, dos tentados, dos famintos, dos mansos, dos pacificadores, dos perseguidos por causa do chamado de Jesus”.
Embora o seu discurso, por vezes combativo, tal como ele próprio o foi na sua oposição solitária ao regime de Hitler, induza a que este seja um livro radical, é sim um trabalho provocativo, instando a que atuemos, saiamos do nosso conforto. É um livro denso, exigente, mas fundamental a todo aquele que deseja realmente ser um verdadeiro… discípulo de Cristo!