A QUESTÃO QUE PERMANECE
Embora curto, este não é um livro de fácil leitura. Pelo assunto, geralmente considerado árduo demais para nos debruçarmos e com relativo “à vontade” termos explicação fácil, mas também porque Yancey, exímio na arte da escrita, não simplifica o exercício, tantas são as situações devastadoras apresentadas. Na dor e no sofrimento, a pergunta sempre paira no ar – “porquê?”
POUCOS AUTORES dedicam tão extensa parte da sua obra em torno do sofrimento, e provavelmente, apenas C.S. Lewis suplantará Philip Yancey na abordagem a esta questão. No entanto, Yancey prossegue a sua tentativa de nos ajudar a lidar com a dor, nas suas multiformes manifestações.
Em livros anteriores, “Deus sabe que sofremos?”, “Onde está Deus quando chega a dor?”, é latente a vontade do autor em fundamentar, baseando-se nas escrituras, que a nossa necessidade em buscar uma resposta, ter a solução, saber como nos prepararmos para o pior.
Ele dá o exemplo do sacerdote John Claypool, que escreveu no seu livro “Tracks of a Fellow Struggler” (Trilhos de um Companheiro Lutador), o quanto sofreu após a perda da sua filhinha de 8 anos, após 18 meses de luta contra a leucemia. Ele confessa que só sentiu algum alivio quando se desprendeu daquilo que sentia falta (a graduação, o casamento, os netos), e passou a aceitar a curta existência dela como uma dádiva, “dádiva cruelmente interrompida, mas mesmo assim uma dádiva”.
Um dos exemplos profusamente relatados, mostra o que aconteceu na tragédia de Newtown, uma pequena comunidade no estado americano de Connecticut, onde uma vintena de crianças do primeiro ano, bem como vários professores e funcionários, da escola primária de Sandy Hook, foram vítimas de uma horrífica chacina. Colocarmo-nos no lugar daqueles pais e familiares, é de ficar sem sangue nas veias. Porque queixumes, rejeições, exigir respostas a Deus, observando a Bíblia, como Yancey esclarece, pode significar um ensurdecedor silêncio.
Eventualmente, estamos perante uma obra que responde à pergunta, mas não da maneira como estamos à espera. Podemos, no entanto, confiar que não estamos sós…