INDISPENSÁVEL
Quinhentos anos após o despoletar da Reforma Protestante, as palavras de Martinho Lutero ecoam na teologia e doutrina de inúmeras denominações. As suas noventa e cinco teses chocaram a Cristandade do seu tempo como ninguém o fizera antes (apesar das tentativas de John Wycliffe e Jan Hus, também elas dignas de admiração); os seus conceitos de sola fide, sola scriptura e sola gratia continuam bem presentes no coração de milhões de Evangélicos espalhados por todo o mundo. De forma a honrar um dos mais influentes teólogos da história do Cristianismo, a Biblion lança a tradução para Português de uma das obras mais influentes de Lutero: A Liberdade Cristã.
DE LIBERTATE CHRISTIANA, ou A Liberdade Cristã (outras versões incluem Da Liberdade de um Cristão, Da Liberdade Cristã ou Tratado sobre a Liberdade Cristã) aparece no final de 1520, um dos anos mais conturbados e prolíficos para Martinho Lutero. Após um debate fervoroso em Leipzig no ano anterior e perante a ameaça papal de excomunhão na forma da bula Exsurge Domini, o monge agostiniano responde de forma ainda mais exacerbada às exigências de Roma, produzindo em apenas meses obras absolutamente fulcrais para a completa separação entre Lutero e a Igreja Católica. Depois de escrever várias teses que denunciavam as doutrinas e os abusos eclesiásticos do seu tempo, Lutero publica A Liberdade Cristã, uma obra que visa mostrar os verdadeiros fundamentos da religião Cristã na face das leis e doutrinas papais.
A obra torna-se no culminar da alienação de Lutero, uma vez que o monge deixa de atacar regras especificas da igreja terrena para afirmar a natureza e postura dignas do Cristão justificado. Aqui ele estabelece um dogma de redenção alicerçado no conceito de sola fide como único veículo suportado pelas Escrituras para alcançar a graça de Deus, o que por sua vez desafia o dogma da Igreja de Roma, apoiado fortemente pelos elementos de mérito, de tradição eclesiástica e de autoridade sacerdotal por sucessão apostólica.
Lutero começa por declarar a natureza aparentemente paradoxal do Cristão, afirmando que “o Cristão é o mais livre de todos os senhores, e sujeito a nenhum outro; o Cristão é o mais obediente de todos os servos, e sujeito a todos os outros.” Esta natureza está intimamente ligada com a composição do homem como um ser físico e espiritual, com o vínculo entre a alma e a carne. Apesar de serem coisas distintas, a alma e a carne não estão separadas uma da outra, porém trabalham em conjunto para realizar esta resolução paradoxal. Lutero defende que o homem interior (a alma) deve estar convicto de que é apenas um pecador e de que necessita da graça e justiça de Deus para ser salvo, mas que não há nada que o homem exterior (a carne) possa fazer para sua própria justificação. Para o monge, todas as obras são nulas e condenáveis se não forem feitas de livre arbítrio e pela fé intransigente, e mesmo assim, não existe nada inerente às obras que contribua para a justificação e salvação de quem as realiza.
Ao longo deste tratado, Lutero enfatiza o papel da fé como o único elo de ligação entre a alma do Cristão e o próprio Cristo. É por esta ligação pela fé, segundo Lutero, que o Cristão é livre da escravidão do pecado. É também por esta ligação pela fé que somos “reis” e “sacerdotes” do foro espiritual, tal como Cristo também o é. No entanto, o corpo tem uma vontade própria, “que ambiciona servir o mundo e buscar a sua própria gratificação”; é aqui que Lutero afirma o uso das obras, não para a justificação da alma, mas com o duplo propósito de disciplinar a carne e de amar o próximo. Do ponto de vista do monge, o ensino das obras como meio para alcançar a salvação é “demoníaco” e “uma noção perversa”, uma vez que as obras são intrinsecamente materiais e não podem afetar de qualquer forma aquilo que é espiritual; porém ele reconhece que elas têm o seu valor para a submissão do corpo à fé e para o proveito do próximo em amor.
Lutero conclui com uma advertência aos que, por um lado, recusam-se a aceitar a liberdade Cristã e teimam em executar as obras, leis e cerimónias com o intuito de serem justificados por estas, e aos que por outro lado distorcem o significado desta liberdade e a usam para desprezar completamente as obras e tradições. O monge de Wittenberg traça uma linha entre os que se agarram às leis e às obras por pura teimosia e orgulho, e os que o fazem porque “não são capazes de assimilar essa liberdade da fé, mesmo estando dispostos a fazê-lo”. O Cristão deve desafiar a arrogância dos primeiros com a máxima ousadia, porém deve observar a doutrina com cautela quando na presença dos últimos, para que estes não se ofendam.
Esta obra da Biblion e da Unique Creations é a tradução da versão em inglês produzida por Elizabeth T. Knuth e David Widger, atualmente disponível em Gutenberg.org.
DANIEL GOMES
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